sábado, 28 de abril de 2012

Tradutores automáticos não têm lógica...



Foram publicados três artigos meus neste número especial (abril-2012) da Revista Língua Portuguesa, já nas bancas.

Um deles, "Na linha de montagem da tradução", compara o resultado obtido com  tradutores automáticos e o inimitável trabalho dos tradutores humanos...

Começa assim:

É melhor não confiar de olhos fechados (e muito menos com os olhos abertos!) nas ferramentas de tradução, várias delas on-line, disponíveis na web. São insuficientes e imprecisas, embora, no século passado, entre as décadas de 1950 e 1960, difundia-se a ideia de que o computador viria a traduzir de forma satisfatória os mais diversos textos, ilusão descartada trinta anos depois, e substituída, hoje, por um objetivo modesto e factível: criar aplicativos que auxiliem num momento inicial, sempre à espera da intervenção e da criatividade humanas.

2 comentários:

  1. Gabriel, obrigado pro divulgar seu artigo! Creio que vale a pena explicar aos leitores que a expressão "ferramentas de tradução", usada no início do texto, não é suficientemente precisa e pode provocar confusão.

    Na verdade, no artigo você está se referindo à tradução automática (machine translation) e não às ferramentas de tradução de um modo geral. Existem ferramentas de tradução que não traduzem coisa alguma, mas mesmo assim ajudam o tradutor no trabalho cotidiano – são as chamadas "ferramentas CAT" (computer-aided translation). Elas acompanham o tradutor de um segmento (frase) do texto ao outro, tornando mais difícil “pular” frases do texto-fonte (isso se chama “evitar omissões”, um dos princípios sagrados da tradução profissional) e forçando o tradutor a traduzir determinadas frases ou expressões sempre do mesmo modo se ele as configurar para tal (isso se chama “uniformidade de estilo e terminologia”, outro princípio sagrado da tradução profissional). Estas são apenas duas das principais funções das CAT.

    A função das ferramentas CAT para tradutores é mais ou menos como a função do Microsoft Word para os escritores: é possível traduzir sem CAT, assim como é possível escrever sem o Word (afinal, a criação do trabalho se deve ao tradutor/escritor, não à máquina), mas a lentidão e a quantidade de erros possíveis (sem o auxílio da tecnologia) podem acabar tornando a tarefa economicamente inviável no longo prazo.

    Claro que os usuários de ferramentas CAT com maior potencial de tirar proveito delas são os tradutores que dependem da tradução como ganha-pão, pois os que fazem trabalhos esporádicos de tradução podem não sentir a diferença de produtividade. Isso não quer dizer que todos os tradutores profissionais usam as ferramentas CAT, nem que as ferramentas CAT não tenham lá suas desvantagens, mas há áreas da tradução profissional que simplesmente não seriam economicamente viáveis sem elas – desde que aliadas, é claro, a recursos humanos qualificados e versados tecnologicamente que saibam tirar proveito da evolução tecnológica para fazer seu escritório de tradução prosperar.

    Como se vê, isso tem pouco a ver com o assunto do seu artigo, que são as traduções feitas automaticamente por sistemas de computador, sem interação com recursos humanos qualificados (isto é, sem interação no caso dos serviços de tradução automática disponíveis gratuitamente na internet; a título de curiosidade, fique sabendo que já existe há anos um filão muito lucrativo do mercado de tradução internacional exclusivamente voltado para a edição profissional de textos traduzidos automaticamente por computador). Mas o uso da expressão “ferramentas de tradução” no seu artigo leva o leitor desavisado a crer que “ferramenta de tradução” é o mesmo que tradução automática, o que não é verdade. Espero ter ajudado a esclarecer um pouco essa confusão terminológica. :-)

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    1. Fabio, eu e os visitantes do blog ficamos gratos por seus esclarecimentos! É sempre bom ler quem entende do assunto.

      Forte abraço e muitas traduções!

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